sexta-feira, 29 de abril de 2011

Trilho à deriva

Levanto-me e ponho as botas do destino,
Iniciando a marcha neste trilho irregular
Que me fere o corpo e a alma!
Subo incansavelmente estes picos
Que ondulam ao sabor do tempo
Arrastando-os para mim como íman.
Pé ante pé, e agora descalça,
Desço ao vale calorosamente gélido
Que me prende ao chão esfomeado
Pela essência humana que transporto.
Sentindo-me a desvanecer ao de leve,
Luto freneticamente com esta força
Tão minha... Transcendente!
Olho os obstáculos nas minhas costas
Com um ténue sorriso na face
E a alegria libertadora
Que me acalma o espírito e o corpo!
Percorro este mar único
Cheio de serenidade em combustão,
Onde procuro a fortuna perdida
Que aguarda a chave do meu coração
Para se revelar novamente ao mundo.
Quem sou eu?
Sou apenas um pequeno barco à vela
Navegando no trilho da Luz!


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Moldando o Mundo





















Entro no calmo tormento fugidio
Que me alcança eternamente
Nesta paragem deliciosa
Que sacia meus olhos
Ávidos de uma salvação.
Procuro sofregamente
Por um lugar no mundo
Que possa moldar com as mãos
Dando-lhe formas desconhecidas
Que maravilham os dogmáticos
E regozijam os descobridores!
Pego no horizonte como uma folha
E dobro incansavelmente,
Tal como um submisso origami
Que renuncia a sua vontade
À poderosa força
Que emana das minhas mãos.
Distorcendo o que me rodeia
Sem piedade do objectivo alcançado,
Espero que encha meus olhos
Com novas luzes e texturas,
Enquanto este ar apressado
Eleva meu corpo translúcido de cor
Para o novo desenho
Que se cria à minha frente!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chove














Chove…
Chove lá fora…
E nas entranhas do meu ser.
Chove desalmadamente frio
Com gotas de tristeza
Que me deixam enublada
Nesta tempestade de primavera!
Sinto o furação que se liberta de mim
Tocando com tamanha brutalidade
Em tudo o que me cerca.
Rasga o tempo
E rasga a vontade…
Faz voar e rodopiar
Todos os pensamentos
Em torno do seu epicentro carnal
Que tomba no fim em desequilíbrio.
Levanta-se discreto e silencioso
Tal maresia sentimental obscura
Que rapidamente se condensa e precipita.
Desfaz as gotas em lágrimas
Que pesam nas nuvens arredondadas
E…
Chove…
Chove lá fora
E nas entranhas do meu ser…