domingo, 22 de março de 2009

Mistério












Espreito pela pequena brecha
Que esta porta escura ilumina
Procurando o desconhecido
Para lá da imaginação que me controla.
O que será?
Como será?
Que fará?
Tantas as perguntas que me assolam
E me asfixiam com tamanho poder
Que nada nem ninguém poderá ajudar.
Pé ante pé caminho…
Pisando este chão falso
Cheio de caos e destruição.
Sinto a respiração fora de mim.
Ouço o bater do coração
Compassado com a emoção
Que todo aquele momento transmite.
O medo… o receio…
A adrenalina que corre pelas veias
E me obriga a ansiar o que me espera.
Encosto a mão calmamente
Naquela textura incerta
E empurro...
Dou um passo destemido em frente,
Firme, cheio de coragem e…
Encandeio-me com a luz que chega ao meu olhar…

Olhos semi-cerrados…

Coração parado…

Respiração inútil…

Conhecimento não alcançado!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Para Compreender

Momentos efémeros
Que marcaram aqueles dias.
Não os compreendo,
Nem sei se saberás o porquê!
Porque sou invisível
Aos teus olhos,
Se já me olhaste com ternura,
Se já desejaste a união!
Porque não sou ninguém?
Vivo assombrada por toda a dúvida,
Toda a incerteza
Que criámos entre nós!
Não há coragem para falar
Naquilo que devia ser compreendido!
Tudo fere e dói…
O desprezo seleccionado
Que escolheste
E me ofereces no dia-a-dia.
Que aconteceu?
Que mal fiz,
Ou onde errei?
Eu permaneço aqui como sempre,
Esperando as respostas
Às perguntas que teimam em fugir!

A Passagem














Percorro este trilho obscuro
Com medo de sair da rota
E me perder nas teias do tempo.
Chego por fim à luz
Que me ilumina com ternura
E eleva esta alma fatigada.
Transcendo toda a minha mente,
Libertando o peso dos pensamentos
Para a meditação tão desejada!
Ouço o bater sincronizado do relógio,
Ao qual o meu coração se junta.
Um único compasso…
Uma única melodia…
O silêncio, a paz, a serenidade…
A magia momentânea que me faz sonhar.
Toda a eternidade está ali,
Naquela paragem temporal
Que me rodeia.
Será possível voltar atrás?
Renascer num outro momento,
Numa outra hora ou situação?
Recomeçar uma vida passada?
E onde… onde…
Onde quereria recomeçar?

Não sei…

Serenidade Agitada

Inquietude que acalma
E pacifica o nervoso interno
Que me consome eternamente!
Sinto uma forte irritação
Um pouco entranhada no meu ser
Que não quer sair
E libertar toda a angústia!
Sinto uma forte premonição
De que algo inesperado
Está para se tornar presente
E revolucionar toda esta vida!
Monotonia que parte e desaparece
Para dar lugar a uma corrida
Desenfreada e sem limites,
Por esses vales fora.
Tão veloz, tão fugidia.
Vai para longe!
Não te quero aqui!
Entristeces esta alma carente
De constantes mudanças!
Vida incansável, imparável.
Cheia de surpresas e ilusões.
Vem paz agitada,
Aquece por fricção
Este pobre coração!

Revolta

Quero sair...
Deste sítio que me aprisiona...
Me magoa...
Quero sentir a liberdade a bater-me no rosto!
Quero conhecer novos locais,
Perder-me em novas ruas,
Com novos nomes...
Quero fugir desta vida autoritária
Que me impede de viver em pleno...
Maldito nascimento que prendeu esta alma
Neste corpo miserável e intragável pelo tempo!
Corpo que vagueia rastejando em busca de uma luz...
Sorte desgraçada de tudo aquilo que desejo...
De tudo aquilo que quero...
Maldito sonho impertinente que goza
Com a minha incapacidade de seguir...
Amaldiçoo o dia em que alguém escreveu:
"Serás tu a carregar a cruz!"

O destino foi traçado!

Juntos















Vejo-te subir ternamente aos céus...
Tão bela, tão magnífica, tão perfeita...
Tal como esta noite que nos contempla.
Nós!
Amantes errantes nesta vida,
Em busca do Éden perdido...
Olho para o teu olhar cristalino,
Límpido de tanto amor...
Sinto as vibrações no ar,
Provocadas pelo bater descompassado do teu coração
Que parece querer sair-te do peito.
Escuto a tua profunda respiração
Como um chamamento
Ou um encantamento que me fazes.
Sinto à nossa volta a felicidade que construímos.
Tu e eu...
Apenas...
Nós!

Palavras

Junto as letras,
Como se cozinha-se
A mais bela refeição!
Escolhendo com cuidado
Cada ingrediente,
Combinando sabores
Com vogais e consoantes
E temperadas com adjectivos.
Preparo a mesa,
Com uma toalha em papel
Decorada com imagens!
Sirvo-as,
Com uma, duas ou mais sílabas,
Dependendo da fome
Que cada um tem em ler.
Corto cuidadosamente as maiores,
Formando assim pequenos vocábulos
Que facilmente se derretem na boca,
Enchendo-nos de conhecimento.
Devoro esfomeada cada palavra,
Cada frase,
Numa indigestão cerebral
Que me provoca alucinações gustativas.
Palavras que me vão saciando a mente
E o coração.

Observo

















Sento-me observando a rua a minha frente
Busco nela a paz que necessito,
Procurando incessantemente o calor
Que fará bater novamente este coração.
Fecho os olhos e tento-te imaginar aqui,
Tão presente, tão forte, tão verdadeiro…
Mas ao mesmo tempo tão ausente.
Anseio por aquele momento eterno,
Marcado pela união e por simples acções
Que nos tornará únicos e grandiosos.
Marcado por explosões de alegria e liberdade
Que ao mesmo tempo nos prendem um ao outro.
Continuo aqui, sentada,
Esperando que algo de bom aconteça,
Esperando aquele que me fará sonhar
Sem limites, sem reservas, sem fronteiras!
Continuo perdida com os olhos postos no mundo,
Esperando que eles encontrem os teus.