sábado, 17 de dezembro de 2011

Confusão



Acordo com o mar salgado
Que molha os meus pés
Num vai vem incansável
Pedindo para contemplar o sol
Que trespassa a minha alma
Aquecendo-a...
Relembro os nossos momentos
Saudosos e persistentes
Nesta memória descontínua.
Estás ali ao lado
Contemplando o mesmo sol que eu.
Serás real ou uma simples projecção
Que a minha memória
Ternamente me constrói?
Agarro a tua mão com força
Fazendo-te replicar de dor
De tão real que afinal és!
Desperta então um sorriso inesperado
Que me completa de uma tal forma
Que jamais havia sentido!
Sinto-me única
Flutuando neste espaço só nosso
Construído pelos nossos desejos
E de juras de amor perdido...
Estranhamente sinto o fresco dos lençóis,
No meio daquela areia amarela
E da espuma do mar que me cerca...
Sinto o macio do colchão,
Mesmo naquela textura granulada
Que escapa entre os dedos
Enquanto a tendo agarrar
Para não sair dali.
Em vão.
Sinto o meu corpo a ser sugado pelo tempo.
Rapidamente o mar torna-se escuro,
Estático, opaco e desaparece!
A areia compacta-se num tecido fino
Que envolve o meu corpo paralisado!
O sol torna-se vermelho e divide-se
Tomando a forma de números num visor!
Deixo de sentir a tua mão agarrada à minha...
Deixo de sentir o teu abraço...
E ali permaneço eu,
Sozinha neste quarto escuro
Com o relógio marcando a madrugada
E uma almofada vazia a meu lado...

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